Gestão por resultados na cartolina
Introdução bem rápida, sem enrolação
O título é literal mesmo, sem truques e sem metáforas. Dá pra FAZER gestão por resultados na cartolina com giz de cera, se for esse seu único recurso. Mas dá pra FAZER muita coisa sofisticada num software de custo bem baixo e bem acessível, chamado Excel. Sim, Excel “É VIDA” e vai muito além do procv e das tabelas dinâmicas. Falaremos sobre Excel em outro momento = SE (“você quiser”).
Bom, se você é dona/o de um pequeno comércio, de uma grande indústria ou de qualquer outro tipo de empresa e ainda não tem gestão por resultados, vale pensar sobre sua responsabilidade nisso, sem colocar a culpa na falta de dinheiro para contratar um bom analista ou pagar a licença de um software. Tudo é uma questão de planejamento e disciplina.
Haja paciência
Em primeiro lugar você vai precisar ter muita paciência para analisar relatórios e, acredite, essa não é uma dica tola. A grande maioria dos empreendedores não tem paciência para ver os números dos seus negócios e isso inviabiliza uma gestão eficiente.
Além de paciência você vai precisar de muita disciplina para criar uma cultura de gestão por resultados. E aqui vai outra notícia chata: você, sim, você pessoalmente, precisará ditar o ritmo dessa mudança e terá ainda que aguardar pelo menos um ano até que a cultura tenha respondido minimamente a esse novo modelo.
E não adianta tentar aplicar qualquer outro método de nome atraente. Repito, se você, liderança máxima, não mudar sua mentalidade (palavra bonita pra substituir mindset), você não terá sucesso nessa empreitada, vai por mim.
Todas as empresas têm dados, a maioria não tem informação
Os dados estão, quase sempre, embaralhados, confusos e/ou escondidos em algum canto das empresas, mas sempre dá para encontrá-los. Ah, não importa se seu software de gestão é uma carroça ou se você acha que não dá pra gerar nenhum relatório. Sempre é possível exportar aquele arquivo “.csv” maroto e abrir no nosso querido Excel. Sim, ele de novo.
O primeiro passo é encontrar os dados. O segundo passo é organizá-los. E o terceiro passo é tratá-los. Pronto, transformamos o dado em informação. Mas calma, não adianta ter informação se você não sabe como usá-la.
Muita informação = pouco conhecimento
Se você se orgulha dos vários relatórios que sua empresa tem ou se é daqueles que pede um relatório novo por semana para sua equipe, sinto dizer que isso está te atrapalhando. Não ter nenhuma informação ou ter informação em excesso gera o mesmo problema: incerteza para tomar decisão. E não é isso que você quer, certo? Ou é?
Passso-a-passo
- Escolha os indicadores-chave de desempenho (nesse caso acho mais prático usar kpi) que são cruciais para seu negócio. Comece escolhendo os 3 principais, e só isso;
- Estabeleça metas para cada indicador. Exemplo: Se o seu EBITDA/LAJIDA (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) é de 15%, defina como meta 17%. Meta precisa ser ousada, porém alcançável, então sem exageros;
- Crie uma agenda para checar se está alcançando suas metas. Quanto mais estratégico for o indicador, maior o espaço de tempo entre as reuniões de ponto de controle. EBITDA pode ser checado mensalmente, agora, um indicador tático/operacional, como produtividade de contato de uma equipe de vendas, por exemplo, deve ser olhado diariamente;
- Crie e acompanhe um plano de ação sempre que seu indicador não for atingido. Exemplo: se sua meta era vender 100 camisas no mês e vendeu 80, entenda porque não conseguiu vender as 20 que faltaram e crie um plano de ação de correção das ineficiências, definindo prazo e responsável para tudo;
- Repita o ciclo até alcançar a meta. Sim, o bom e velho PDCA: Planejamento, Execução, Checagem e Ação. Simples assim.
Mas e aquela SACADA?
Então, não tem fórmula secreta, nem ideia genial. Desculpa te frustrar, mas acredite, eu quero o bem da sua empresa e, exatamente por isso, preciso de dizer a verdade. A verdade não é muito atraente, né? A verdade é um marido fiel, mas que usa Crocs.
Tá cheio de guru por aí prometendo amantes sedutores para seu negócio, em forma de métodos, livros ou ferramentas. Você pode se aventurar nesses caminhos ou dar uma boa olhada em histórias de gente de sucesso, como Michael Jordan, no documentário Arremesso Final, e ver que a vitória tem bem mais a ver com esforço e disciplina, do que com talento, sorte ou sacada.